Chego do 19º Festival de Monólogos - Ana
Maria Rego (ano Adalmir Miranda). Parabéns a organização, coordenação pela
persistência na realização de mais uma edição, desse, que é de suma importância
para nosso estado, que nos coloca no circuito da arte do teatro como
indispensável para os artistas do país. Parabéns também pela homenagem ao
ator/diretor Adalmir Miranda, que nos brindará com um belíssimo trabalho ao
final deste festival.
Hoje estou numa posição não menos
privilegiada que a de espectador... Estou como espectador/artista e jurado. O
que me dar um enorme prazer de poder/ter que olhar de forma menos irresponsável
para os trabalhos apresentados, sabendo que o compromisso de julgar vai além de
mera critica ou entalhe procurando dar formas aos propósitos trazidos.
Propostas de linguagem, de atuação, de leitura... De como se vê o que se estar
olhando é importantíssima para mim, espectador, diretor, ator, amante,
julgador, observador... É a partir dai que tenho possibilidades de saber como o
outro se desenvolve na multiplicidade de entendimento do individuo que estar
sujeito a mudanças, estagnações, reformulações conceituais, literais,
metodológicas.
A pontuação dada por esse personagem
(jurado) se se isenta, se ligeiramente se distancia de suas escolhas enquanto
artista, participa desse pleito com mérito ético, reformula, revoga, referenda
ou refuta o que foi oferecido.
Ter que fazer um trabalho de teatro, ate
finaliza-lo, se conseguir, é saber que esse será consequência de escolhas, às
vezes abrimos mão de umas, por vezes fazemos posse de outras, mas que nunca se
leva ao palco aquilo que não foi por si, por vezes angustiosamente,
conflituosamente, eleito e que virá a ser a própria escolha.
O que vem a contrapor com o proposito de
um debate pós-espetáculo: artistas esmeram-se em falar do que os emocionam,
alguns, do que os incomodam, função que se repetirá com toda certeza nos bastidores
em todo o festival, tapinhas nas costas, abertos de mãos, abraços parabenizando
pelo esforço, agradecendo pelo que lhe foi dado, a chance de olhar melhor para
o mundo. E o artista, que apresentou o proposto sente como se aproximasse mais
de sua meta naquele trabalho. O Júri, que deve entender o que viu, buscar,
naquela oportunidade de confronto ideológico, investigar o que levou o julgado
a optar por aquelas escolhas, muitas vezes, se coloca como “advogado do
diabo”... Não qualquer diabo, mas o que não faz teatro...Pois o fazedor de
teatro, assemelha-se a alguém menos puritano, menos sacralizador, mais
irreverente e disposto a consequências menos previsíveis e mais aproveitadas...
E ele, o júri inicia nesse debate a
discussão do espetáculo que ele faria, e não do espetáculo que foi mostrado... Ai
pronto... Já viu...
Todo mundo começa a seguir o líder e a declarar que na
verdade, naquele momento em que se fez assim, seria bom que assado se fizesse.
Ora, se é para julgar o meu espetáculo
teria inscrito um.
Que HORROR ter que ouvir com PAVOR um
júri grosso, mal educado que o que tem a me oferecer são ferrenhas critica ao
que eu, depois de atravessar meus infernos, tive que escolher para expor. Será
que isso leva o artista a algum lugar de melhora laboral? ... SUBIR NA SANDALIA
DE PRATA E VIR PRO SAMBA SAMBAR... Só por que minha posição temporária de
JURADO me possibilita isso?
Comodo...
Recolho-me a insignificância
dos que se querem aprendizes. Vi, ou se quiser por disputa da ocasião, olhei
também. Diz a filosofia mais antiga que a uma diferença entre ver e olhar, observar,
contemplar, admirar, mirar... Ouvi, vi, vivi, estava lá presente, ao deleite de
ser júri e poder escolher quais das escolhas me foram melhor apresentada, não
quais escolhas de linguagem devem os carpinteiros, que cabem a eles talharem
seus trabalhos. Aprendi que o teatro forma primeiro a pessoa para depois formar
o profissional, se nele nos ensinam desde os antigos a arte de sermos humildes,
sermos generosos. Por que Santos-e-divinos-deuses-do-teatro não haveremos de sê-los
fora dele?
Essa é a 18º edição do Festival que
acompanho desde menino. Que maravilhado estou por saber que o mesmo se encontra
em fase adulta, e responsável por si.
Luciano Brandão
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